O fogo devorou cada pedacinho da madeira daquela goiabeira envelhecida, solitária. Uma observação dolorida. Fiquei junto dela até a última brasa, até ficar apenas o cheiro de fumaça que esfumaçava o breu do céu, que já fora dia, que já fora azul. Pobre goiabeira, pé de goiabas brancas, transformou-se num amontoado de cinzas.
A passagem do tempo transforma cenários e utilidades. O avanço do tempo a tornara perigosa. Diante de um temporal poderia desabar sobre alguém. O tempo não para. Passou para goiabeira, passou para tudo que ocupara aquele quintal. O mais incrível é que ele passa, mas não fica velho. O tempo recomeça a cada mudinha de goiabeira. O quintal tem outras goiabeiras agora, são novas, com aquele arzinho de superioridade próprio da juventude goiaberal. E o que aduba essas mudinhas, tão juvenis, cheias de esperança de tornarem-se árvores frondosas e extremamente frutíferas, são as cinzas daquela goiabeira, pé de goiabas brancas, com suas histórias, suas lembranças, suas alegrias, flores e frutos, transformados num pó acinzentado, misturado à vermelhidão da terra do meu eu-quintal. Ironia? Não, fluxos, ciclos renovados... Vida e finitude. E isso, às vezes, é muito difícil de entender ou aceitar.
Alheio à nossa vontade, o fogo consumirá o velho e o novo ressurgirá, adubado nas histórias que ainda teremos que contar sobre goiabeiras e cinzas...
krika 27/04/2013
Alheio à nossa vontade, o fogo consumirá o velho e o novo ressurgirá, adubado nas histórias que ainda teremos que contar sobre goiabeiras e cinzas...
krika 27/04/2013
foto by krika - reflexões goiaberais!
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