Um dia qualquer, no fundo do meu eu-quintal o fogo consumiu os galhos da goiabeira, pé de goiabas brancas, dessas bem doces de doer os dentes, aromáticas de dar gosto percorrer o quintal depois das chuvas... Mas ela envelhecera. Seus galhos retorcidos, brocados, desfaleciam a cada outono, quando as folhas ficam mais secas e a cada primavera menos goiabas surgiam... Quase infértil! Então, a questão da utilidade de uma goiabeira que não dá goiabas, que não mais embeleza o dia das crianças da casa... As crianças também cresceram, já não sobem em goiabeiras. Partiram. Talvez ela soubesse disso e desistira... A folhagem, que antes era um tapete verde e caramelo, dera lugar ao marrom sem graça, triste, ao som estridente do pisar sobre a secura do tempo, das folhas caídas, da própria vida, talvez...
Então, numa noite qualquer, depois da derrubada, a fogueira, que começou devagar. O fogo parecia não querer queimar aqueles galhos, aquele resto de vida, de histórias, de alegrias e risos em meio à tarde primaveril de longos anos... Nem o dourado sedutor sobre o fundo noturno conseguira amenizar a perplexidade daquelas horas de fogueira... Horas demoradas e reflexivas... E tudo foram cinzas e nada mais...
krika 27/04/2013
foto by krika - enquanto as labaredas queimavam o que fora uma vida fotografei uma vida ainda em construção... Hoje outra goiabeira, outras histórias e o ciclo se repete!
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