sexta-feira, 27 de maio de 2011

MAS ERA DEZEMBRO
Vou caminhando por entre paredes, amareladas pelas horas da vida e me encontro, e me decifro e me deparo com uma imagem especular, distorcida, disforme entre linhas e traços, deixando apenas a sombra delineada do que já fui e não sou mais. Hoje, apenas hoje, pude perceber o quanto minhas direções, antes tão cheias de certezas, foram se desfazendo ao longo da caminhada, e me perdi, e me achei, por vezes só, por vezes na companhia do medo, por vezes ao seu lado, no mais absoluto silêncio, que me devorou a alma. Mas caminhei. A cada passo, deixei as marcas da mulher em si mesma, diante do mundo e da vida, cara a cara com o amor, que a paixão sublinhou em tatuagem. Sobrevivi. Em tudo, meu nada revelou a fragilidade das entranhas, dos desejos contidos pelas conveniências, das inseguranças nas escolhas forçadas, exigidas e nem sempre necessárias. Percorri meus desejos, palmo a palmo antes de dormir. Ainda na trilha de minhas decisões acreditei e amanheci para mim mesma. Prossegui. A mulher que queria ser não fui, ou não pude ser. Mas a mulher que hoje sou consegue enxergar o amarelado das paredes, pelas horas da vida, enquanto busca se encontrar, nos dezembros do tempo. 
 Krika  Gomes 08/12/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, sugestão, dicas, blog se alimenta de comentários..rsrs
Se não encontrar a opção de postagem escolha Anônimo e deixe seu nome no comentário!!!
Mas lembre-se, recados ofensivos não serão admitidos!!