Emaranhado e pastel de nata

Compus meu personagem pela manhã. Montei minhas mentiras nas roupas,  na face, traçando linhas azuladas sobre o vermelho do sol de um dia exposto, disposto em minhas retilíneas escolhas, em tortuosos desvios, em lacrimosas retinas esverdeadas, descolorindo um mundo que não pude compor, no torpor das liberdades impostas em convenções, que não convencem ninguém.... Sobre mentiras traço meus caminhos, em sorrisos dissimulados, cumprimentos sombrios nos lábios do escárnio, sob olhares do mal iminente, diário, constante ameaça da sobrevivência, que se perde vida a dentro... O dorso repousa sobre a terra molhada com tua saliva, em palavras perdidas, ou libertas. A língua delicia a nuca. O arrepio percorre o fio da navalha, que atravessa meu colo, expondo um coração amorfo no desenho morno de um ser entregue. Um coração simplesmente apaixonado... Um tapete, um silêncio, um olhar, um pastel e uma taça de vinho...amo você!

 

krika 28/10/2012