segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Casa dos Avós

As emoções percorrem os ambientes em azul, nos traços desbotados, nas paredes descascadas, nos vidros que já não têm reflexos perfumados, as chaminés desoladas e esquecidas.
  Era tão bom ouvir o barulho da lenha queimando enquanto esquentava a água para fazer o café, colhido, torrado e moído na casa, a batata doce cozinhava devagar na enorme panela, já toda amassada pelo uso. Isso sempre acontecia no período da tarde, após a preguiça do pós- almoço e no início das infantis travessuras verpertinas.
Enquanto esperávamos as guloseimas ouvíamos o casal que conversava sobre o tempo, sobre o clima, que eles conheciam só de olhar para o céu, ou por sentirem a temperatura da brisa depois do meio-dia, se soprava quente era chuva com certeza e ensinavam a ouvir o silêncio e o barulho do mundo, decifrando as metáforas da vida.
Os ambientes ainda estão lá, mas a infância, nossa! A infância ficou tão lá atrás, onde o tempo só era contado pelas aventuras da inocência, onde o colorido das coisas era belíssimo e enfeitava o tempo da vida.
As emoções ficaram entalhadas nas paredes, as lembranças tatuadas na alma e às vezes minha saudade fica tão desbotada quanto as paredes do meu tempo em azul.
Saudade e presença.

krika 17/10/2011

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