Pretéritos Anoitecidos

A luz afastava a escuridão de uma noite que começava com promessas, promessas de renovação que dissipam o mal criado no egoísmo de tantas misérias humanas. Somos miseravelmente humanos.

 A escuridão levava consigo os perigos iminentes, a perversidade latente que sobrevive no breu das coisas, no mundo paralelo que acompanha nossos movimentos mais pecaminosos.

O luar surgia rasgando a cortina espessa que o aprisionara até aquele instante, para durar o tempo de uma noite inteira, noite de amores contidos ao longo de um dia, dia que também prometeu.

Os viajantes noturnos soltavam as amarras do pudor que os mantiveram reprimidos em seus desejos impróprios à luz solar.

O luar, ah o luar! Este chamara os poetas, solitários viajantes, para que vagassem naquela noite e pisassem o chão dos versos que aliciam  as palavras e retiram os sentidos de superfície, para então, e só então, alcançarem as camadas mais intensas da sedução, que sobrevive na poesia das convidativas horas noturnas.

krika 29/09/2011