sábado, 2 de julho de 2011

Preteritos  Visuais
Era uma manhã atípica, a começar por eu ter acordado cedo, mas eu tinha que terminar assuntos de trabalho na cidade vizinha.  Eu findava um momento e preparava meu recomeço. Recomeçar é sempre complexo pelas trilhas do desconhecido. No caminho conversamos pouco, enquanto eu olhava pela janela do carro. A estrada estava tranquila por ser tão cedo e o dia começava sem brilho, nublado com chuvas esparsas nos morros do horizonte. O sol tentava sair do esconderijo, driblando nuvens espessas, escurecidas, que davam ao dia um ar de suspense. Era o mistério diurno, que carregava as feições e silenciava o amanhecer. O trajeto estava quieto, introspectivo e ansioso. O momento carregava tanta incerteza, que eu não conseguia decifrar meus pensamentos, ou preparar minhas falas, ensaiadas diante do espelho do banheiro na noite anterior. Maravilhosos banheiros, onde podemos tirar as máscaras sem ninguém pra nos condenar.Eu havia decorado palavras imponentes, escolhido minhas caras e bocas, separado as roupas apropriadas, tudo isso como munição para me sentir segura, mas esqueci de contar isso ao coração, que estava aflito, acelerado. Seria um momento intenso e de fato o foi. Não consigo lembrar minhas palavras, nem as que ouvi, mas foi tudo nos conformes e ao sair do local, ao fim de tudo, tive a sensação que nunca conheci  verdadeiramente aquelas pessoas e que nunca estive naquele lugar. Ao voltar para casa o dia estava claro, as nuvens dissipadas e o sol aparecia no centro do meu céu. Foram meus primeiros passos para o desconhecido e admirável futuro. Recomecei meu recomeço, apesar  das agonias do começo do dia e  das nuvens grisalhas, que não impediram que eu visse o sol.

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